quinta-feira, 10 de novembro de 2016



EPIFANIA

Para o amigo e poeta Antonio Aílton Santos Silva


A estrela da vida inteira ilumina só parte do caminho
E a cada esquina transborda algo dos dias
Além do tédio de quem espera o retorno.
A poltrona do ônibus tem o cheiro
De viagens que não fiz.


Enquanto abro um livro escorre já perto
O liquido viscoso de um pensamento abortado.
Alguém escuta Pablo num rádio de pilha
Mas o pedido de perdão é silenciado
Amor Amor Amor, pode o abandono ter outro nome?

O mundo é maior para quem viaja.
E agora vejo
As bailarinas da infância
Diante do infante
Esperando o primeiro passo
Na última parada.


É fim de ano
Na bagagem levo alguns livros
E quatro presentes mal embrulhados.
Este é o enredo que me prende.


A Estrela da vida inteira pode ser
O que esqueci de visitar.


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