sábado, 31 de julho de 2010

Corvos

Calem-se!

Não somos aves
Somos o tempo comido pela noite
Nossa fome
É a palavra que não foi.

Não é o sangue doce
Antes o amargo sumo
Da noite dentro dos olhos

Este é o vinho
Bebido na taça do ventre de uma mulher.

Minha virtude é espanto.
Tudo aquilo que recolho em mim
Distancia o momento triunfal do corpo
No seu ponto alto.

Bebamos, ergamos nossos cálices à noite
Antes que o dia com seus dedos poderosos
Abram-nos os olhos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dose da Salvação

Não sei como.
Dizer que suas mãos moveram
Minha face
É pouco.
Como é pouco explicar
Um sorriso depois de tanta chuva
Cobrindo meus olhos.

Não sei como
Vagarosamente,
Ela abriu a porta
E me conduziu para jardins
Tão perfumados.
Talvez amanhã possamos ver o sol
Subir em nossos corpos toda
Alegria de estar.

domingo, 18 de julho de 2010

Dose Limite

Ela virá outra vez
Um sem de nome triste
Percorrendo os espaços da vida
Cortando as fronteira do tempo,
Repentinamente
como um susto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dose Constelar

O sol esvaziou sua luz
Dentro da boca de uma mulher.
Mulher solar
Nada que eu faça abrirá sua voz.
E ela é só distância
Na minha procura.

Quanta falta me faz o calor
Aquele afinado aproximar-se
Sua pele estalando estrelas
Tudo só imagem acariciada.

Dose da Claridade

Pode o dia amanhecer
Em mim a insegura vontade
De sacudir os tapetes tão pisados
Com cheiro de passagem
Abrir portas, janelas
E sair
Olhando o céu cobrindo meu corpo?
Pode, nesse instante,
Pequeno que seja
Uma boca qualquer chamar meu nome?
É tão difícil saber.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Overdose

Exagerei, confesso
Demais é querer amar.

Algo vertiginoso subindo
Para perder-se ao fim do dia
Que não amanhece
Saudade.

Dose da Precipitação

A música abre
Na pele uma voz cansada.

Enquanto os olhos
Chovem uma inundação
Permaneço parado.